Amigos do Fingidor

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Lábios que beijei – explicação necessária


Zemaria Pinto


Este é um work in progress, como diriam os pedantes sobre um trabalho em construção. Ele é irmão gêmeo de Drops de pimenta. Mas são bivitelinos: se este contém diálogos da solidão, Lábios que beijei são monólogos na multidão, o primeiro na forma de nanocontos, o segundo de microcontos.

Assim como Drops de pimenta são os diálogos de Mirinha e Joca, estes monólogos são conduzidos por um narrador sem nome, de idade incerta, mas conscientemente envelhecido – mais de 80 anos, certamente. A pouco tempo de não ter mais tempo, ele faz um inventário de momentos felizes, a maioria, junto a alguma dor, de feridas cicatrizadas. Ele relembra as mulheres de sua vida, desde a infância, sem ordem cronológica ou de preferência amorosa: algumas já não têm mais nomes, outras tantas já não são mais que lembranças; umas e outras, apenas sobras de recordações, sombras de uma história que chega ao fim. Mas este não é um livro triste. É um livro de amor. Amoramaro. O amor que poderia ter sido e que não foi – ou porque era muito cedo ou porque era tarde demais.

OBS1: Um tributo a J. Cascata e Leonel Azevedo, autores da valsa imortalizada por Orlando Silva no mesmo ano em que o narrador conheceu a sublime Emília – “branca de leite, cabelos amarelo-fogo, voz de clarinete.”

OBS2: Os microcontos de Lábios que beijei serão publicados sempre na primeira e na terceira segunda-feira do mês – e, se houver, na quinta segunda-feira, também.

OBS3: Esta é uma obra de fricção e de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas será uma feliz coincidência – afinal, se a vida imita a arte por que não haveria a arte de imitar a vida?