Zemaria Pinto
Este
é um work in progress, como diriam os
pedantes sobre um trabalho em construção. Ele é irmão gêmeo de Drops de pimenta. Mas são bivitelinos: se
este contém diálogos da solidão, Lábios
que beijei são monólogos na multidão, o primeiro na forma de nanocontos, o segundo de microcontos.
Assim
como Drops de pimenta são os diálogos
de Mirinha e Joca, estes monólogos são conduzidos por um narrador sem nome, de
idade incerta, mas conscientemente envelhecido – mais de 80 anos, certamente. A
pouco tempo de não ter mais tempo, ele faz um inventário de momentos felizes, a
maioria, junto a alguma dor, de feridas cicatrizadas. Ele relembra as mulheres
de sua vida, desde a infância, sem ordem cronológica ou de preferência amorosa:
algumas já não têm mais nomes, outras tantas já não são mais que lembranças;
umas e outras, apenas sobras de recordações, sombras de uma história que chega
ao fim. Mas este não é um livro triste. É um livro de amor. Amoramaro. O amor
que poderia ter sido e que não foi – ou porque era muito cedo ou porque era
tarde demais.
OBS1:
Um tributo a J. Cascata e Leonel Azevedo, autores da valsa imortalizada por
Orlando Silva no mesmo ano em que o narrador conheceu a sublime Emília –
“branca de leite, cabelos amarelo-fogo, voz de clarinete.”
OBS2:
Os microcontos de Lábios que beijei
serão publicados sempre na primeira e na terceira segunda-feira do mês – e, se houver, na quinta segunda-feira, também.
OBS3:
Esta é uma obra de fricção e de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas
ou mortas será uma feliz coincidência – afinal, se a vida imita a arte por que
não haveria a arte de imitar a vida?