Paulo Sérgio Medeiros
Espia só,
no Amazonas é assim... Comeu jaraqui não sai mais daqui, nem com nojo. O peixe
aqui não é delicioso, é gostoso no balde. É caroço! Almeno é o que falam pelos
quatro cantos do estado. E não falam debalde!
Caboco,
no Amazonas é assim... Tá morto de brocado e quer comer um sanduíche? Então
peça um sanduba no capricho. Comeu e não gostou? Putatinga! Vai para casa e faz
uma gororoba. Não encheu? Putitanga!
Camarada,
no Amazonas é assim... Quer ir embora? Capa o gato, pega o beco, bora?
Borimbora. Se vai de vez, vai de mala e cuia. Se decide voltar de carro, vai
ter que dar o balão. Se quer ficar, faz hora então. Se está livre, está só de
bubuia. E por falar em bubuia, banho na beira do rio gostoso mesmo é com cuia.
E no futebol, ah, no futebol, banho de cuia. Do contrário, pimba! Banho de
cacimba.
Mano, no
Amazonas é assim... Povo bacana é chibata de touro. Apesar de nossas mazelas,
ou melhor, nossas perebas, nós rimos, ou num bom amazonês, nós achamos graça,
né não? Coisa de amazonense.
Márrapá,
no Amazonas é assim... Se o negócio é sério, eita porra! é dos vera, senão, é
dos brinca. Égua, que fuleiragem. Agora eu vi! Mas o povo daqui sabe fazer o
caqueado de verdade, estou falando sério, de rocha, não é bacaba não.
Parente,
no Amazonas é assim... Mulher fácil é periguete, casa pequena, quitinete,
pessoa musculosa, parrudo, coisa boa, porreta, proporções anormais, maceta,
chuva forte, pau d’água, coisa boa, paid’égua, tá pra ti? Então te mete!
Meu
grande, no Amazonas é assim... Faltar a um compromisso é bater fofo, o que
provavelmente é garantia de um caloroso bate-boca mais tarde, com direito a
baculejo na carteira, no facebook ou no carro. As mulheres por aqui são
desconfiadas que só.
Maninho,
no Amazonas é assim... Nunca prescreve o mormaço de ar molhado como a dizer:
sou este inferno verde, inferno de amar, apedreja-me e ainda terás o meu afago.
Bicho, no
Amazonas é assim... Um perene abrigo verde tingido de Eldorado para todas as
tribos que quando do teu arco a flecha parte, longe de ti o pior castigo.
Enfim, no
Amazonas é assim... Comeu jaraqui não sai mais daqui.