Amigos do Fingidor

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Caminhada cultural em Paris



João Bosco Botelho

 

 

            Paris continua representando um dos mais importantes pilares da cultura ocidental.

            Ao contrário das festas e encontros, em muitos países, que podem se estender até a madrugada, em Paris, raramente acontece. De modo geral, não são muitos os locais onde é possível encontrar a vida noturna após 23 horas, quando ocorre a interrupção da maior parte das linhas do metrô e os táxis são ainda mais escassos. A exceção é o triângulo Quartier LatinSaint Germain-des-PrèsMontparnasse, desde o século 19, reduto de muitos intelectuais, pintores e escultores que marcaram a história das artes, onde muitos restaurantes permanecem abertos 24 horas e estão situados alguns dos mais importantes monumentos à cultura.

             A primeira opção, conhecer o Jardim de Luxemburg, com especial atenção na face sul, a sede do Senado. Na primavera as alamedas entrecortadas pelos nichos de flores multicoloridas extraordinariamente bem cuidadas, oferecem o ambiente ideal para a leitura ou a caminhada sem pressa, para movimentar com leveza o corpo.

            Nos últimos cinco anos, na face leste das grades de ferro fundido trabalhadas que cercam o jardim, a exposição permanente de dezenas de fotografias de renomados profissionais enfocando temas do equilíbrio ecológico da França e territórios franceses.

            O museu do Louvre, pode ser alcançado por meio de caminhada, ao longo da rua de Rennes, em toda a extensão, até a igreja  Saint Germain-des-Près. Após conhecer esse templo medieval, pleno de história, a escolha seguinte, alguns metros subindo o bulevar Saint Germain-des-Près, seria beber o melhor Bordeaux, no Café de Flore, o preferido dos intelectuais, entre eles, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, líderes incontestes dos protestos, nas ruas de Paris, nos anos 1968

            Com o corpo rejuvenescido pelo Bordeaux, o caminho seguinte seria percorrer a rua Bonaparte, parando aqui e ali, para ver as relíquias milionárias dos antiquários.  No final dessa rua, o museu do Louvre surge em toda grandeza. Após cruzar a ponte sobre o rio Sena, a entrada suntuosa, sobre e sob a pirâmide de vidro, uma das obras culturais do governo Mitterrand, representa o convite irresistível. A primeira visita, certamente, representará o incessante desejo de retornar muitas vezes. Sem deixar de ver a Monalisa, encanto mágico da genialidade de Leonardo da Vinci, no sorriso enigmático. 

            No final da tarde, a caminhada de volta ao longo das margens do Sena, até a ilha de la Cité, deslumbrada pelo mais belo monumento da arquitetura gótica: a catedral de Notre Dame,  o Palácio da Justiça (Conciergerie) , o Hotel  (Hospital) de Dieu e a Saint Chapelle.  

            Se domingo, melhor ainda, a missa das 19 horas, na Notre Dame, magnífica, plena da mágica relação com o Deus! Sempre com apresentação de algum festejado organicista e do coro da própria igreja, esse instrumento complexo, do século 13, um dos maiores do mundo, responde com veemência mágica sob as mãos e os pés do artista, acompanhando o canto gregoriano, o incenso, a estrutura gótica do átrio, a rosácea composta de vidros multicoloridos, o ambiente de e o rito transformam a missa domingueira da Note Dame em algo difícil de descrever, mas oferecendo a certeza do quanto o homem pode ser generoso.

            A noite pode ser encerrada em um dos muitos restaurantes do Quartier Latin, seja grego, chinês, tailandês, japonês ou italiano, onde é sempre possível beber o melhor vinho francês.