Amigos do Fingidor

quinta-feira, 31 de março de 2016

Coisa boa é mulher



Paulo Sérgio Medeiros

Coisa boa é mulher que madruga pelo nosso bem-estar, lava, passa, cuida da casa, dos filhos, faz almoço, janta e café.
Coisa boa é mulher que soma, divide, multiplica, se anula, nos bajula, é moderna, antiquada, espirituosa, emburrada, é do jeito que o homem quiser.
Coisa boa é mulher que até nos dias de cólica atura nossas noites alcoólicas. E quer prova maior de generosidade? Experimenta ficar bêbado e você será servido de um revigorante caldo da caridade.
Coisa boa é mulher que nas noites de frio nos aquece a alma arrepiando até os mais recônditos pelos, e, ainda entretidos pelo cigarro, recebemos aquele cafuné.
Coisa boa é mulher que quando o bicho pega pro nosso lado ainda está ali tal qual Madre Teresa de Calcutá, prenhe de fé, pronta pro que der e vier!
Coisa boa é mulher que à la Joana D'arc vai à luta, entra na guerra, morre queimada, mas não arreda o pé!
Coisa boa é mulher que uma vez emancipada é capaz de cometer suicídio para não mais voltar ao regime escravocrata, a exemplo de Dandara, esposa do Zumbi dos Palmares.
Coisa boa é mulher que suaviza a aspereza masculina, dá curvas a linhas retas, perfuma nossos dias, rima poema no jeito de andar em nossas calçadas despoetizadas.
Coisa boa é mulher que é colírio, bálsamo, morfina, música, ópio, irmã, filha, tia, madrinha, esposa, amante, MÃE, sublime criação da natureza.
Coisa boa é mulher que é paradoxo, para-raios, para-lama, para-choque, paraquedas, para-brisa, para trânsito! 
Coisa boa é mulher que nos aceita na doença, na tristeza, com dinheiro ou sem dinheiro, contanto que tenhamos o bicho de pé!

Então, ilustre poeta Thiago de Mello, peço-te a gentileza de reescrever os Estatutos do Homem e faça-me o favor de incluir o décimo quarto parágrafo, que será: Fica decretado a partir de hoje que coisa boa é mulher!