Não havia o tempo em calendários
João de Jesus Paes Loureiro
Não havia o
tempo em calendários
nas
escrituras da cidade e das ilhas.
Não havia o
tempo de sonhar
e tempo a
trabalhar.
Tempo para
ser
e tempo de
não-ser.
Havia sim o
tempo para o tempo,
pois o tempo
era integral
para si
mesmo.
Não havia
tempo do real
fora do tempo
imaginário.
Era o tempo
diverso em um só tempo.
O
tempo-aquele igual a aquele-tempo.
Não havia o
tempo de plantar
e tempo de
colher.
Tudo era o
tempo
de colher a
plantar.
E de plantar
colhendo.
Tempo
individido
sem tempo
para isso
ou tempo para
aquilo.
Era o tempo
superposto ao tempo
e cada tempo
era sempre
o tempo todo.
Tempo do ser
e do não-ser.
Era um só
tempo real-imaginário
enlaçando a
si mesmo.
Tempo único.
O tempo
só.
Unicotempo.