Meditação no Himalaia – pequeno diário de viagem II
Marco Adolfs
Já estou no terceiro dia de intensas meditações através de práticas mântricas também intensivas. Aqui no Tibete a meditação tem um sentido de repetições sonoras que vão da exaustão até o silêncio total. Como se do princípio de tudo, o Big Bang interno, viesse o Universo aparentemente silencioso. Mas, quando tudo isso termina, desço de volta a Lhasa para comprar alguns alimentos e acessar a Internet. Afinal, sou um ocidental ansioso, antes de tudo. Depois, volto-me novamente para dentro de mim, no sentido de desligar-me do mundo exterior e encontrar o meu centro, sabe-se lá onde ele se esconde. Essa técnica, em sânscrito, é chamada dhyana. Tudo isso é obtido pela chamada dharana (concentração). Mas, o que o meu instrutor de olhos puxados, cabeça raspada e veste laranja me ensinou de mais interessante é que “um pensamento começa a partir do mais profundo nível de consciência e eleva-se através da total profundidade da mente, até que finalmente aparece como um pensamento consciente à superfície”. Com essas palavras ditas de forma tão cândida e segura, me senti como um mergulhador nas profundezas do mar. E talvez fosse isso mesmo o que eu enfrentava. Um mar interior, nunca antes navegado. Meu ser. Retirei-me então para a minha cela fria e comecei a meditar.
Lhasa, 15 de novembro de 2009