Amigos do Fingidor

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Chá do Armando


Zemaria Pinto

 
Onde os amigos se encontram
nas noites de sexta-feira,
a lealdade louvando?
No Chá do Armando!

Onde se encontra o carinho
da amizade renovada,
crianças se reencontrando?
No Chá do Armando!

E os uruás do Almir,
às margens do Solimões,
causos da terra contando?
No Chá do Armando!

Canto lírico, seresta,
fado, samba, iê-iê-iê,
coro de amigos cantando?
No Chá do Armando!

Duas cadeiras vazias,
de Carminé e de Anisio,
lágrima o rosto lavando?
No Chá do Armando!

Depois de tantos pousares,
a Mansão dos Belos Quadros
é o ninho de amarando
do Chá do Armando!

Tem gente que muito fala,
tem gente que pouco ouve,
uns tantos ouvem falando:
no Chá do Armando!
 
Mentiras doces, lambanças,
lembranças vãs, inventadas,
a vida se reinventando,
no Chá do Armando!

Meus amigos me despeço,
os meus olhos se embaralham,
palavras rodopiando,
no Chá do Armando!

Na décima quadra eu dedico
um dístico de oito sílabas:
mais, muito mais que venerando,
é um sujeito pai-d’égua: o Armando!