Amigos do Fingidor

domingo, 9 de dezembro de 2012

Platônica III


 
Tainá Vieira

 

Oh, Capitão! Meu Capitão!” Como estás?  Hoje amanheci sem forças, algo mais forte que eu prendia-me ao leito. Queria ficar ali, imóvel, apenas com o teu sorriso em minha mente. Fechei bem os olhos e mesmo sem forças apertei a minha cabeça, querendo te ouvir e por um momento te senti aqui... Fiquei feliz. Entretanto, quando deixei-me tomar pela felicidade completa e levantei-me do leito, tu não estavas ali. Frustrei-me. Pois minha memória refrescou-se e nesse instante percebi que há meses partiste para um lugar distante e que talvez eu jamais te encontre novamente. Não que eu não queira, mas onde tu estás nenhum mortal poderá entrar. “Oh, Capitão! Meu Capitão!” Quando virás? Sei que é devaneio meu e mais uma vez perdoa essa minha loucura, sei que não virás. Já estás aqui, em todas as lembranças, em todos os ensinamentos que deixaste. Estás aqui “com seu paletó de brumas”, tocando sua “frauta de barro” e caminhas por entre nós e nesse caminhar leve, sentimos sair de seus passos os compassos da vida. “Oh, Capitão! Meu Capitão!” Tua jornada não terá fim. Não morrestes na batalha. Pois todos os combatentes curvam-se diante de ti e te saúdam com clamor e te louvam como o maior te todos os generais. Um sorriso nesse instante brotou em minha face, uma luz passou por mim. Que bom te ver, meu Capitão!

 

 

(“Oh, Capitão! Meu Capitão”, verso de Walt Whitman)