Amigos do Fingidor

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Escrever para quê, se ninguém me lê?



Tainá Vieira

 

Há muito ando a procura de algo que não sei o que é. Por mais que eu tenha tudo que uma mulher pode ter, sempre sinto que falta algo. E não estou falando de coisas materiais ou sentimentais, não, o que falta é uma coisa que devia estar em mim, na minha alma, não sei. Os evangélicos diriam que eu deveria aceitar Jesus, me converter etc. Pois, segundo os evangélicos, esse vazio que algumas pessoas sentem é a falta de Deus. Se não tiver pai, filho e espírito santo, você será como o vento que voa sem direção.

Há muito que não escrevo, parei um pouco, pois percebo que não sou boa para isso, escrever é coisa séria, e eu só escrevo alguma coisa quando estou triste e isso eu não acho justo, um bom escritor tem que escrever sobre todas as coisas e não contemplar somente a tristeza, do contrário esse escritor será como o falso crente que só se lembra de Deus quando está em desespero. Bem, eu acho que não sou crente, pois quando entro em desespero recorro aos livros. Dom Quixote é bom para espantar a tristeza, os romances machadianos são bons para sonhar com o amor real e não como aqueles dos contos de fadas da Disney, Os Lusíadas e A Divina Comédia são ótimos para refletir sobre a vida, criar opinião etc.

Há algum tempo atrás quis ser poeta, no entanto vi que não nasci para isso, depois quis ser ficcionista e logo descobri que também não tinha talento... E foi nesse instante que me lembrei de que quando criança eu desenhava muito bem, sempre era eu a escolhida para fazer os desenhos na escola e todo mundo achava maravilhoso, aí pensei será que devo voltar a desenhar?! Rapidamente, peguei papel e um lápis e comecei... a pensar, porque pintar que é bom... nada. E lá se vai mais um sonho frustrado. E então foi que decidi dedicar-me somente à outra área que domino: a culinária. Ah, quando cozinho, realizo-me, gosto dos temperos, dos peixes, dos vinhos, das sementes, adoro preparar a mesa, deixá-la bem bonita para os convidados... Porém, cozinhar todo dia me cansa, me enjoa, gosto de cozinhar sim, mas uma vez ou outra. Nada mais. É, penso que o meu problema é sério mesmo. Nem poesia, nem prosa, nem desenho, nem cozinha...

Em nenhum me encontrei, ou talvez sim e estou a fugir deles. Não sei, não sei, “não sei se fico ou passo”. Todos os meus sonhos foram frustrados, devia ter vivido no tempo de Sócrates... Não, não seria uma boa ideia, pois do jeito que gosto de dizer a verdade sobre as pessoas, com certeza eu iria tomar cicuta também. Talvez eu vá para Nárnia, quem sabe lá eu me torne princesa e viva rodeada de súditos e assim exerço o que mais gosto de fazer: mandar. Não, penso que seria infeliz em Nárnia. Gostaria muito de encontrar-me com o “José” e seguir para “Pasárgada”, talvez lá eu preencha o vazio que sinto na alma.