Zemaria Pinto
Rita
A pele branca, as
sardas combinando com os cabelos ruivos, o corpo magro, mas sem ossos, Rita
levou meu sorriso, meus planos, os meus 13 anos, como na canção, que eu
aprenderia muito tempo depois. Eu não sabia o que fazer com aquela menina que
falava e agia como uma mulher. Mais velho, eu era apenas um joguete em suas
mãos. Sua língua diminuta quase não entrava em minha boca, mas tinha um gosto
tão doce, que poderia ficar horas sorvendo aquele mel que milagrosamente manava
da flor anacarada. Mas Rita não me permitia mais que alguns segundos. Ainda
hoje, acordo de sonhos inquietos sentindo o gosto da língua de Rita, abruptamente
tomada de mim.