Amigos do Fingidor

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Balões vermelhos



                                                                                              Tainá Vieira

Todo final de dia eu levo Maria na área de lazer do condomínio para ela brincar, correr, interagir com outras crianças. Lá tem um parquinho e ela adora escorregar. O condomínio é amplo, tem uma área grande para correr, fazer caminhada etc., temos uma visão linda do céu, do espaço ao nosso lado.  Sei que a visão é bem ampla por causa do desmatamento e isso faz com que seja muito quente no lugar onde moramos. Com o avanço da cidade, as áreas verdes são destruídas e no lugar das árvores há prédios. Umas duas semanas atrás as crianças pararam para olhar um arranjo de balões vermelhos que sobrevoava o céu do condomínio. Esse arranjo de balões vermelhos veio da rua, ou melhor, escapou de alguma criança. Vi a Maria hipnotizada com aquilo, ela ficou observando até o arranjo sumir de nossas vistas, e mesmo depois de ele ter sumido ela ainda ficava olhando e falando e apontando para o lugar onde ele estava.
 Já era a hora de ir para casa, chamei-a e ela não queria ir, chorou muito, coloquei-a no colo e fomos para casa. Ela ainda chorando, sentada no sofá, olhava o céu pela janela da sala, acho que procurava os balões, foi aí que me lembrei que tinha um saco de balão colorido em casa, peguei cinco balões vermelhos, enchi de ar e fiz um arranjo e dei a Maria, ela pegou e soltou, não deu muita confiança para o meu arranjo, peguei do chão e o amarrei na cortina da sala e lá ficou flutuando naquele pequeno espaço. Maria, do sofá fica olhando aqueles balões. Ela não mexe neles, não estourou nenhum ainda. O vento do ventilador toca neles e os faz bailar e Maria sempre de olho no arranjo de balões vermelhos.
Como disse, tenho em casa um saco de balão colorido, então dias depois peguei um balão azul e outro amarelo e os enchi para colocar junto aos vermelhos, para ficar um arranjo colorido e bonito, mas a Maria não deixou, ela pegou os dois balões da minha mão e ficou brincando com eles até que estouraram. Mas o arranjo de balões vermelhos continua lá amarrado na cortina. Confesso que já fiquei muito curiosa e impressionada com essa historia dela com esses balões. Ontem desamarrei o arranjo da cortina e ofereci a ela pra ver se ela brincava com ele, mas ela não quis, apenas riu, falou umas coisas e nada mais. Quando deixei o arranjo no chão ela pediu pra eu colocar na cortina... E quando descemos para brincar, ela olha para o céu. Estou pensando em levar o arranjo que fiz lá para área de brincar, para ela soltar no céu do condomínio, não sei como ela vai reagir. Já tem alguns dias que aquele arranjo de balões vermelhos está lá amarrado na cortina e ela sempre fica observando e eu fico imaginando o que será que se passa na cabecinha de um bebê de um ano e quatro meses.