Pedro
Lucas Lindoso
Quando
chega o final do ano eu me preocupo logo em conseguir uma agenda para o ano novo. Não sei viver sem elas. Já tentei usar uma
eletrônica, mas não supriu minhas necessidades.
Preciso
de uma agenda para preencher as minhas responsabilidades diárias. Li em algum
lugar que os gregos possuíam duas formas de referência para o tempo. Havia o
“crónos”. Pelo “crónos” os gregos marcavam as suas atividades cotidianas. Eram
cronometradas. Para isso eu preciso de uma agenda. Para marcar audiências,
compromissos, aniversários de pessoas queridas e outras atividades.
Outra
forma de marcar o tempo para os gregos era o “kairós”. O “kairós” era o tempo
dedicado ao lazer. Minha agenda serve também para o “kairós”. Sábados,
domingos, e feriados são preferencialmente dedicados ao “kairós”. Além das
noites após as atividades laborativas semanais, em especial a sexta-feira após
o expediente.
Mas
vejo que há executivos workaholics
que não têm contato com o “kairós”. Algumas instituições japonesas exigem que
seus empregados façam um relatório de suas atividades de lazer. O descanso, o
ócio saudável, é uma necessidade humana. Até Deus descansou após a criação.
Mas
penso que devemos nos concentrar no aqui e agora. Por isso uso minha agenda. Bastam
as preocupações do dia. Os compromissos futuros ficam lá agendados e evito que
minha mente voe para o amanhã. Deixo agendadas coisas que poderei vir a ser,
fazer ou conquistar. E me fixo no aqui e agora. Porque o hoje é a grande lição
de plenitude.
Quem
me chamou atenção para comprar a nova agenda foi tia Idalina. Ligou-me para
saber se eu teria um cromo bem bonito para lhe enviar, como fiz
ano passado. De fato, ganhei um lindo cromo e o enviei para titia. Ela adorou.
Se você não sabe o que é um cromo veja a definição do velho Aurélio,
a qual grifamos:
“Figura estampada em cores, em
geral com relevo, constituindo pequeno impresso recortado para colagem em
álbuns, etc., ou imagem maior para pendurar em parede, inclusive como
suporte de calendário”.
Na
Manaus de minha infância, ninguém falava em calendários. Só em cromos.
Lembro-me de meu pai pedir aos seus amigos comerciantes (hoje se diz
empresários) que lhe dessem vários cromos de suas lojas. Os eleitores, em
especial os do interior, adoram receber cromos nessa época. Inclusive tia
Idalina.