Pedro Lucas Lindoso
Serei avô em breve. Já
sabemos que será uma linda princesinha e se chama Maria Luísa. Hoje, com as
sofisticadas ultrassonografias pode-se ver o sexo e até as feições do neném.
Uma maravilha da tecnologia e da medicina moderna.
Nem sempre foi assim. Até a
década de setenta do século passado só se sabia o sexo da criança quando do
nascimento. A primeira pergunta era:
– Menino ou menina? Depois
se perguntava se tinha sido normal ou cesariana.
Tia Idalina quase sempre
acertava analisando a barriga da gestante. Se fosse redonda era menina. Se
fosse pontuda menino na certa.
Havia um obstetra
ginecologista aqui em Manaus que não errava nunca. Examinava a paciente e dizia
o sexo. Geralmente na última consulta antes do nascimento.
Quase sempre acertava. Mas
nem sempre. Há controvérsias, dizia tia Idalina. Uma de suas sobrinhas teve uma
menina e ele havia dito que era menino. Quando se viu a ficha da paciente
estava lá, datilografado. Sexo: FEMININO.
Muito estranho, pensou tia
Idalina. Eu me lembro da mãe da criança dizer que ele afirmara ser menino.
– Acho que ouvi errado,
comentou a mãe da neném.
Dentre as manias de tia
Idalina a mais inusitada é quando ela resolve dar uma de Sherlock Holmes.
Foi assim que implementou
uma amizade com a secretária do ginecologista, o qual chamaremos de Dr.
Maiêutica.
Conversa vai, conversa vem,
Idalina voltava ao assunto:
– Barriga redonda é menina
na certa. Já quando a barriga é meio pontuda deve ser menino.
No que a moça rebateu:
– Isso é mito, dona Idalina.
Aproveitando a deixa ela
perguntou como Dr. Maiêutica adivinhava o sexo dos bebês de suas pacientes. A
moça pediu segredo de morte, sob pena de perder o emprego e confessou:
– Ele diz para a paciente um
sexo e escreve o outro na ficha. Quando acerta, tudo bem. Quando erra mostra a
ficha e diz que a mãe se confundiu. Esperto ele, não?