Paulo Sérgio Medeiros
Dois anos atrás estava na
rodoviária de Curitiba, esperando para embarcar no ônibus 249 com destino a
Florianópolis. Em meio a speeches de embarques e desembarques, a garota – de
seis anos – inquieta com aqueles trinta minutos de ostracismo, se vira para o
pai e estaciona uma pergunta na vaga de sua ociosidade:
– Pai, o que é uma
rodoviária?
– O que é uma rodoviária?
Ele Repete a pergunta enquanto mergulhava nos rincões dos seus pensamentos em
busca de uma boa resposta para ela.
Minha filha, assim de
supetão, eu diria que rodoviária é um lugar de partidas e chegadas, porém, há
mais mistérios por trás dessas idas e vindas que até a nossa vã filosofia
desconhece.
Alguns trazem ou levam na
bagagem histórias de sucesso, outros, no entanto, desembarcam ou embarcam com o
amargo do fracasso. Tá vendo aquele pai chorando ali? É de alegria. Tá vendo
aquela mãe chorando mais pra lá? É de tristeza. Rodoviária, minha filha, é lugar de encontros
e desencontros. Aqui, em cada plataforma de embarque e desembarque fervilham
sonhos, ansiedades, expectativas, saudades, medo do novo, medo do velho.
Rodoviária é uma metáfora da vida, meu amor.
– Ah, tá.
“Atenção senhores
passageiros do ônibus 249, com destino a São José, Blumenau, Balneário Camboriú
e Florianópolis, embarque imediato, plataforma D. Boa viagem.”
– Pai, o que é metáfora?
– O que é metáfora? Vamos
minha filha, te explico assim que a gente se acomodar lá dentro do nosso sonho.