Amigos do Fingidor

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Rodoviária



Paulo Sérgio Medeiros

Dois anos atrás estava na rodoviária de Curitiba, esperando para embarcar no ônibus 249 com destino a Florianópolis. Em meio a speeches de embarques e desembarques, a garota – de seis anos – inquieta com aqueles trinta minutos de ostracismo, se vira para o pai e estaciona uma pergunta na vaga de sua ociosidade:
– Pai, o que é uma rodoviária?
– O que é uma rodoviária? Ele Repete a pergunta enquanto mergulhava nos rincões dos seus pensamentos em busca de uma boa resposta para ela.
Minha filha, assim de supetão, eu diria que rodoviária é um lugar de partidas e chegadas, porém, há mais mistérios por trás dessas idas e vindas que até a nossa vã filosofia desconhece.
Alguns trazem ou levam na bagagem histórias de sucesso, outros, no entanto, desembarcam ou embarcam com o amargo do fracasso. Tá vendo aquele pai chorando ali? É de alegria. Tá vendo aquela mãe chorando mais pra lá? É de tristeza.  Rodoviária, minha filha, é lugar de encontros e desencontros. Aqui, em cada plataforma de embarque e desembarque fervilham sonhos, ansiedades, expectativas, saudades, medo do novo, medo do velho. Rodoviária é uma metáfora da vida, meu amor.
– Ah, tá.
“Atenção senhores passageiros do ônibus 249, com destino a São José, Blumenau, Balneário Camboriú e Florianópolis, embarque imediato, plataforma D. Boa viagem.”
– Pai, o que é metáfora?
– O que é metáfora? Vamos minha filha, te explico assim que a gente se acomodar lá dentro do nosso sonho.