Pedro Lucas Lindoso
Conversava com meu amigo Dr.Chaguinhas
sobre a ingerência cultural que nós brasileiros sofremos dos nossos irmãos
estadunidenses. É inegável que a cultura americana nos tem influenciado
sobremaneira. Através dos filmes, da TV, do intercâmbio de estudantes
brasileiros aos Estados Unidos. Desde o
ensino médio até a faculdade. Além do que o país é destino de primeira opção de
brasileiros em férias.
Todo mês de outubro abre-se
uma polêmica se os brasileiros devem ou não festejar o Halloween. Disse ao
Chaguinhas que o primeiro equívoco é traduzir Halloween como Dia das Bruxas.
“Holy” em inglês significa sagrado. Hallow tem a mesma origem e significa sagrado, santo. Surgiu daí a
própria palavra Halloween, originada de “all
hallows eve”, que em português quer dizer "véspera do dia de Todos os
Santos". A Igreja Católica desde sempre se apropriou das festas pagãs e o
Halloween é um exemplo.
A celebração recebeu no século XX diversas
influências que deram força ao comércio e aos negócios: distribuição de doces
para crianças, filmes de terror, indústria de fantasias e indumentárias
movimentam milhões de dólares não só nos EUA como agora em todo o mundo.
Perguntei ao Chaguinhas, que é
um nacionalista de primeira, se era politicamente correto ser contra o tal
Halloween. Ele me disse que alguns fundamentalistas religiosos são contra. Como
também não apoiam o boi-bumbá e o carnaval.
Lembrei a ele que o nosso festival
de boi não teve origem na Amazônia. Veio do Maranhão e se modificou adaptando-se
aos costumes dos índios e dos caboclos.
A festa junina, que talvez
seja a nossa mais emblemática manifestação folclórica, tem a quadrilha como
destaque. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças
nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas! Anarriê, alavantú, balancê. Tia Idalina só marcava quadrilha em
Francês, ou matutês!
Chaguinhas
me disse que seu sobrinho Diogo encomendou uma fantasia de “boi da cara preta” para uma festa de
Halloween, que será num condomínio cinco estrelas aqui em Manaus. Questionado o
rapaz respondeu:
– A
coisa que mais me assustava quando menino era um tal “boi da cara preta, pega
esse menino que tem medo de careta”. É por isso que ele torce pelo Boi
Garantido. É o boi branco do coração vermelho.
A
verdade é que desde a mãe África, onde surgiu, os homens se movimentam pelo
planeta, mesclando-se, miscigenando-se e trocando culturas e saberes.