Amigos do Fingidor

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Lábios que beijei 53


Zemaria Pinto
Amália


Um acontecimento em minha vida, Amália tinha exatos 15 anos quando a conheci – 49 a menos que eu. O banco ficara para trás, vendido a um conglomerado internacional. Tecnicamente, eu estava aposentado, mas era impossível viver com aquilo: fui dar aula. Depois de algum tempo, comecei a prestar atenção na menina de tez escura, cabelos lisos, olhos profundamente negros, lábios grossos e seios fartos. Ao contrário da imensa maioria, ela prestava atenção à aula – empreendedorismo, uma novidade na época –, fazia perguntas e sorria sempre. Até o final do ano escolar, nos encontramos apenas no colégio, como professor e aluna. Acompanhava a transformação de seu corpo: ficou mais alta e o que já era farto explodiu em beleza, incluindo a bunda, que antes não se destacava. Nas férias, surpreendi-me com um telefonema dela, para minha casa. As ligações passaram a ser rotineiras, sempre depois das onze da noite. 

(Continua no blog Poesia na Alcova)