Amigos do Fingidor

terça-feira, 2 de junho de 2009

As Nuvens de Machu Pichu – II
Marco Adolfs


Nuvens à espera do Deus Sol.

Conforme o combinado com nosso guia na noite anterior, acordamos ainda de madrugada com o frio cortante e as nuvens passantes ainda nos assolando a alma. Como alguém poderia ver alguma coisa naquelas condições?, pensei de imediato. Mas, finalmente iríamos até Machu Pichu e deveríamos ver alguma coisa, é claro. O Deus Sol providenciaria.

Para ir até as ruínas do local, só existem duas maneiras: de ônibus ou caminhando. Muitos, como a Daniela e o Jonathan, um casal de amigos ingleses, resolveram caminhar; eu e Dora fomos de ônibus, muito mais confortável. No caminho em ziguezague, aproveitei para pensar na história ziguezagueante da “descoberta” da cidade “perdida” de Machu Pichu, que o meu amigo Miguel, um artista plástico andino, havia soprado ainda em Cuzco.

“A história dessa descoberta de Machu Pichu é muito interessante”, disse Miguel, enquanto pintava. “Existem duas versões: a oficiosa e a oficial”. Mas quase nenhum turista sabe sobre a “oficiosa”. Embora alguns guias mais esclarecidos já estejam tratando de espalhar orgulhosamente.

Para muitos turistas é dito que foi um americano de nome Hiram Bingham, quem “descobriu” Machu Pichu. Mas a outra versão bate pé dizendo que a “perdida” era apenas uma cidade “abandonada”, e que os peruanos são seus verdadeiros “descobridores”.

Segundo os nacionalistas, tudo começou no século XIX, precisamente no ano de 1894, quando um tal Agustín Lizárraga, cuzqueño da gema, resolveu, junto com outros peruanos, encontrar tesouros escondidos nos escombros de uma cidade abandonada, na época ocupada por um camponês e sua família.

Já a descoberta “oficial”, aconteceria em lances cinematográficos dignos de Hollywood já que esse arqueólogo americano, escutando boatos sobre “ruínas em meio às montanhas” e lendo a “Crônica Moralizada de la Ordem de San Agustín” escrita por um padre, em 1630, a “descobriu”. Porém os peruanos alinhavam: “levado pelas mãos de uma criança camponesa e após as nuvens se dissiparem”.

Na próxima semana continuo o relato desse verdadeiro romance dos píncaros peruanos.
Grupo de turistas na entrada do parque.
Fotos: tem sempre alguém por perto pra tirar.