Ah, como lastimo: nunca mais teremos no Brasil uma orquestra como a Orquestra Sinfônica de São Paulo sob a direção de John Neschling. Sem o maestro, o conjunto será outro. É sempre assim. New York, Boston, Berlin, Chicago, Viena, Cleveland, Philadelphia etc foram grandes orquestras só sob a batuta de Barbirolli, Fürtwangler, Klemperer, Toscanini, Bruno Walter, Haitink, Bernstein, Fritz Reiner, Kleiber, Kubelik, principalmente Mravinsky, para mim o maior de todos. Não é a orquestra, mas o maestro quem faz a arte.
Por isso, depois de ouvir este CD, com as sinfonias 4 e 9 de Claudio Santoro, com todo aquele brilho, como toda aquela envergadura, com toda aquela grandiosidade, principalmente a Nona Sinfonia de Santoro, lúcida, forte, mistura de tudo o que Santoro fez...
Custei a reencontrar este CD. Creio que está vendendo bem. Da primeira vez que o vi, numa livraria, não o comprei. Disse comigo que já tinha aquelas sinfonias em outra gravação. Quando voltei lá, todas as cópias vendidas.
Santoro levou quase 20 anos entre a oitava e a Nona Sinfonia, durante seu longo exílio. Com a Nona ele resumiu tudo o que compôs, desde as composições atonais, passando pelo parâmetro do realismo-socialista soviético, até a temática brasileira, o lirismo, o trágico, o passional, o sublime, com maestria e polifonia. Desde os compassos lentos, as passagens graves, a coloração dramática, a "homenagem a Brahms", a Nona Sinfonia de Santoro é uma obra-prima e nesta interpretação está impressionante.
Toda a sinfonia se tece em umas poucas notas que se repetem, em súbitas variações, na orquestração e nos diferentes tempos. Aí a arte é que Santoro nos leva a um tal grau de elevação espiritual e amplidão que penso que a peça deveria chamar-se SINFONIA AMAZÔNICA.
O CD ganhou o prêmio Diapason D´Or, na edição brasileira da revista francesa Diapason.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
A Nona Sinfonia de Santoro
Rogel Samuel
John Neschling & OSESP interpretam Claudio Santoro.