Amigos do Fingidor

domingo, 9 de agosto de 2009

Agendário de Sombras
Capa do mais recente livro de Jorge Tufic,
por Audifax Rios.

Sem repousar do agito em torno de Um hóspede chamado Hansen, dado ao público em fevereiro passado, Jorge Tufic lança, em Fortaleza, Agendário de Sombras, coleção de sonetos, que vão desde a circunstância mais prosaica (o que em Tufic é um paradoxo) até a metafísica mais absconsa. De permeio, poemas como este, celebrando parte do grupo que fundou o Clube da Madrugada e reinventou a literatura no Amazonas:
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Improviso ao 50º da Caravana
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Éramos quatro monges na primeira,
cinco poetas depois, numa segunda
Caravana que os longes aprofunda,
tendo as nuvens e o sol por cabeleira.
Tivemos a galáxia por esteira,
bons ares, boa mesa e a mais fecunda
saga de poemas, praça e quebra-bunda
quando para repouso da canseira.
Nestes tercetos louve-se a irmandade
de todos nós, amigos sobretudo,
companheiros por toda a eternidade.
São eles o Alencar, Antísthenes, o Guima,
Farias e este eu que assina tudo
desde que for saudade e tenha rima.
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Obs: em 1951 e 1953, os poetas Jorge Tufic, Alencar e Silva, Antísthenes Pinto, Farias de Carvalho e Guimarães de Paula (este só na segunda) fizeram duas viagens pelo Brasil, para tomar contato físico com a literatura que se fazia no país. Em 1954, esses poetas, aliados a outros intelectuais da província, fundavam o Clube da Madrugada.