Amigos do Fingidor

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Falar é preciso...


Ele vivia falando, falando e falando. Sua verve literária se dissipando como poeira ao vento em palestras infindáveis. “Se pelo menos tivesse tempo de escrever um romance...”, pensou. Mas não, tinha que falar. Falar sempre. Falar pelos cotovelos com frases decoradas e em desespero contido. Os aplausos alimentando sua alma como pipocas. Sua escrita era uma fala eterna. Vaidade da oratória engolindo o próprio rabo.

(Marco Adolfs)