com o cair da tarde, reparto o corpo em mil pedaços. a luz desce até mim, e a transparência do meu ser brilha na escuridão, que me cerca. diante dos meus olhos, o arco-íris se multiplica. no fundo do mar os peixes guardam a pedra encantada, e no céu brilha a estrela azul. quando o rajá chega, escancaro as janelas para ouvir melhor os clarins lá fora. ao tentar falar-lhe, ele já seguia montado no camelo que o trouxe. assim, calço as sandálias, os meus pés já não doem tanto. o galo anuncia o cair da madrugada. a noite se reparte em estrelas. e, antes de partir, lembro-me do menino da manjedoura.
(Adrino Aragão)